quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Retrocompatibilidade parte 2

Depois de quase um ano parado, o retorno das atividades do Blog. (E sem ter cumprido minha meta.)

Na outra ocasião em que falei sobre retrocompatibilidade me referi ao adaptador que permitia jogar cartuchos do Master System no Mega Drive/Genesis, ambos consoles da Sega e por isso me afastei da proposta do blog: relatar a época de ouro do NES (Nintendinho), em específico o Dynavision, e relatar minhas lembranças desta época. Então, como o caminho já foi feito, hoje falo de uma forma geral sobre retrocompatibilidade e como a Nintendo tirou proveito disso.

Imagem divulgada pela Nintendo do menu do Wii U
Falar em Retrocompatibilidade hoje em dia é basicamente falar sobre o Nintendo Wii U, console da geração atual (que não está se dando tão bem) que é retrocompatível com seu antecessor, o Wii. Dizer que um console é retrocompatível implica dizer que este console aceita jogos, controles e outros acessórios de um console anterior. No caso do Wii U, os DVDs, wiimotes, nunchuks e "penduricalhos" como wii zapper, classic controller, balance fit... todos compatíveis com o Wii U por meio de um canal na tela de menu. Na minha humilde opinião, o Wii U não é propriamente retrocompatível, embora na prática o seja. Este console não possui somente um leitor Bluray que também lê os DVDs do console anterior, mas ele possui o sistema operacional inteiro do Wii instalado e operando nele, como se fosse um PC com HD particionado em que ora roda Linux, ora roda Windows, o Wii U ora roda o sistema Wii, ora roda sistema próprio. Tão independentes são os sistemas que é possível desbloquear o modo Wii e instalar homebrews e manter o modo Wii U normal para acessar o péssimo sistema online da Nintendo - que no Brasil não opera a loja e a conexão dos jogos é instável demais. Outra prova de que os sistemas são independentes é de que não é possível jogar os games do Wii com o GamePad do Wii U... mas essa limitação já havia sido demonstrada antes...
Wii U rodando modo Wii

GameCube no Wii
Os nintendistas já conheciam a retrocompatibilidade da Nintendo quando do lançamento do próprio Nintendo Wii. Nos primeiros modelos do Wii havia total retrocompatibilidade com o GameCube, console antecessor do Wii. Havia no Wii quatro entradas para controles de GameCube, bem como duas entradas para memorycards. Os jogos eram rodados da maneira tradicional do Wii: colocava-se o DVD, acessava-se o canal de jogos e se iniciava o jogo. Basta plugar os acessórios e iniciar o jogo! Retrocompatibilidade pura, não por meio de uma variação no sistema do console. No entanto, há duas limitações: a primeira é de que se deve utilizar controle de GameCube (ou genéricos) para jogar os games do console anterior. A segunda limitação é de que somente é possível salvar os jogos com o memory card do GameCube, não podendo utilizar a memória interna do Wii. Assim como no Wii U existem jogos compatíveis com os controles do Wii, no Wii existem jogos compatíveis com os controllers do GameCube. A partir de 2011, os modelos RVL-101 do Wii, assim como o Wii Mini deixaram de ser retrocompatíveis.

(A Sony também sempre respeitou os seus fãs e teve opções de retrocompatibilidade. O Playstation 2, por exemplo, era compatível com jogos de PS1, além de seus controles e memor cards, assim como o sucessor PS3, em seu primeiro modelo, era retrocompatível com PS1 e PS2 em termos de jogos e controles mediante a utilização de um adaptador USB. Os modelos Slim e SuperSlim do PS3 bem como o PS4 abandonaram a retrocompatibilidade em prol da redução do custo de fabricação e do preço ao consumidor.)

Intelevision rodando Pac-Man no Syper Changer
A ideia por trás da retrocompatibilidade em consoles não foi criação da Nintendo ou da Sony, tampouco a Microsoft que costuma ser a primeira a abandonar o console da geração anterior. A retrocompatibilidade surgiu no seio da Atari, em 1982. Não no console da Atari da época, o Atari 5200, atacado por ser uma versão maior, mais cara, mais pesada e mais cara, mas com pouco avanço gráfico e sonoro em relação ao anterior e, principalmente por não ser retrocompatível com o clássico e lendário Atari 2600. A retrocompatibilidade surgiu no seio dos dois rivais da Atari na época: o Intelevision II e o ColecoVision.

Expansion Module #1 do ColecoVision
Praticamente simultâneas, as duas empresas  que mantinham os consoles concorrentes lançaram módulos de expansão (para usar o nome do ColecoVision) que permitiam plugar o controle e os cartuchos do Atari 2600 em seus consoles. Ambos o System Changer da Matel - empresa responsável pelo Intelevision - e o Expansion Module #1 da Coleco - do ColecoVision - eram praticamente um console acoplado e não um adaptador propriamente dito. Estes "add-ons" utilizavam a conexão com o console original para ter acesso à energia elétrica e para transimitir o sinal de imagem, enquanto os cartuchos e controles eram plugados diretamente no acessório.

Obviamente, isso seria algo impensável hoje em dia. Seria algo como se a Sony lançasse uma expansão para PS3 que leria jogos do GameCube... Como a Atari não pôde fazer nada judicialmente com as duas empresas, a resposta foi o lançamento do seu próprio console retrocompatível com o Atari 2600, em 1986 , o Atari 7800, lançado para rivalizar com o NES e o Master System, mas buscando a credibilidade do clássico Atari 2600.

Na caixa: "jogue todos os jogos do Atari 2600"

A entrada na Nintendo no meio da Retrocompatibilidade ainda demorou mais 8 anos, somente em 1994 foi lançado o primeiro acessório retrocompatível da Nintendo...