sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Jogos de Guerra


Quarta página do catálogo da CCE
Continuando os reviews com mais 3 ports de arcade para NES. Curiosamente esta página do catálogo é somente sobre jogos de guerra e com uma característica muito específica...

Jackal

Lançado originalmente para Famicom Disk System (com o título de Final Command: Aikai Yosai) e convertido para NES com o título da versão World do arcade homônimo, este jogo é uma hidden jewel do NES. Ou não tão hidden assim, já que é bem conhecido nos EUA e na Europa. Por aqui, que eu saiba, foi lançado somente neste catálogo da CCE e não é tão fácil de encontrá-los nos Mercado Livres da vida.

Tela título
Em 1988, quando do lançamento das versões domésticas do jogo, foi o ano término da guerra Irã-Iraque. Talvez esta guerra, que fez o preço do petróleo aumentar e que era noticiada no mundo todo, tenha sido uma grande incentivadora deste tipo de jogo. Em Jackal, sua missão é similar à missão de Choplifter: você deve resgatar soldados P.O.W. (Prisioneiros de Guerra), invadindo as bases inimigas e explodindo as prisões onde se encontram os reféns. Mas se em Choplifter seu equipamento era um helicóptero, em Jackal, você contava apenas com um jipe de guerra. E este jogo é simplesmente genial!

Sua missão
Grande parte dos reviews deste blog comentam sobre a alta dificuldade dos jogos e a frustração que estes causam. Jackal também é um jogo extremamente difícil, mas não impossível. Os comandos respondem perfeitamente e possui uma lógica quanto ao contato com os inimigos. Deixe exemplificar: Em Contra ou Green Beret, também jogos da Konami, ao se tocar um inimigo, você morre. Sem opção. Talvez eles sejam radioativos ou sejam homens-bomba do talibã. Mas você morre. Em Jackal, como você pilota um jipe, ao tocar um soldado, o jogo considera que você o atropelou. Ele morre e você continua indo. Exceto quando você se choca contra um tanque ou outro veículo maior. A lógica é: o maior esmaga o menor.

Início da Batalha
Embora tenha apenas seis fases, os comandos respondam bem e a dificuldade seja "honesta", o próprio jogo informa que a "batalha fará seu sangue ferver" e que "você precisará de um bolso cheio de milagres e a ferocidade de um chacal selvagem".

Como já mencionado, o jogo consiste em cruzar o território inimigo, destruir as bases e resgatar os soldados. Para realizar sua missão, o Jipe é equipado com uma metralhadora (de alcance médio, utilizada com o botão B), que se mantém sempre orientada para o Norte; e uma arma secundária, que pode ser uma granada, um míssil ou um míssil incendiário (botão A), que é lançado sempre no sentido em que se localiza o Jipe. Casas, prisões e portões só podem ser explodidos com a arma secundária.

Resgate
Como nos jogos da Konami, você morre com um toque inimigo. Mas aqui não é difícil esquivá-los ou destruí-los antes de ser tocado. 

Durante a batalha vemos um um helicóptero branco cruzar o campo de batalha. Logo em seguida localizamos um heliporto onde devemos descarregar os soldados que serão transportados em segurança. Aos guerreiros que estão no Jipe é esperado que destruam um boss por fase. Como o jogo possui seis fases, bem variadas, por sinal, são seis bosses e um boss final após o sexto boss. O som do jogo também é um espetáculo à parte. Este jogo é um clássico absoluto e sem dúvida merece ser jogado!


Ao final de cada fase
Ao término do Jogo

Gettaway / P.O.W (Prisoners of War)

Tela da versão americana
Este jogo é relativamente desconhecido. Além de possuir distribuição exclusiva pela CCE - melhor dizendo, a única empresa que lançou-o no Brasil, mesmo que irregularmente - saiu com outro título, Gettaway.

Novamente, um port de arcade, mas desta vez produzido pela SNK. A mesma SNK que havia lançado títulos anteriores como Athena e Ikari (que alguns anos depois vão se juntar a Art of Fighting e Fatal Fury: The King of Fighter para formar o lendário The King of Fighter '94). Este jogo é um game em estilo Beat'n Up com gráficos incríveis! Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre a jogabilidade e o som.


Escapulindo da prisão
A premissa do jogo é bastante simples: ao invés de resgatar Prisioneiros de Guerra, o jogador controla um prisioneiro de guerra em missão de fuga. Ou melhor: a primeira fase é uma missão de fuga. As fases posteriores parecem ser de uma sede de vingança contra seus captores. 

A primeira grande diferença em relação ao arcade é a ausência do modo de dois jogadores, no NES sendo um jogo solo-player. Ao apertar start, a tela fica preta, mostrando um rastro de pólvora explodindo a grade da prisão, iniciando então um beat'n up clássico. E como um clássico, nele temos uma barra de life, algumas vidas e vários inimigos a derrotar para que a tela avance. 

Na primeira fase
O jogo possui quatro estágios: o primeiro é a fuga da prisão, o segundo a invasão de um complexo industrial-militar, o terceiro é na floresta e o quarto é o quartel-general inimigo.

Aqui temos a primeira inversão quanto aos beat'n ups clássicos: o botão B é o botão de soco enquanto o botão A é o botão de chute. Os dois botões juntos permitem um chute pulando. Mas, em compensação, assim como no primeiro Double Dragon, o chute é um ataque quase invencível, já que mais longo, impede o inimigo de acertar o jogador.

No fim da primeira fase
Outra diferença é a interação com o cenário: portas abertas significa que se pode entrar nelas. Não somente portas, mas contêiners e até caminhões. Como o enredo é militar, os itens encontrados ao longo do jogo são de cunho militar: armas de fogo, colete a prova de balas, facas, soco-inglês, granadas...

Outra característica deste jogo são os continues. O NES não é famoso pelos continues, mas este jogo os possui. Um continue faz com que o jogador reinicie a fase. Como são longas, isso não diminui em muito a frustração do jogo. Embora seja um dos jogos mais fáceis do catálogo da CCE, ser trancado por inimigos significa a morte. Este é a maior causa mortis em termos de frequência no jogo.
Fase dois

Alguns chefes no jogo só podem ser vencidos com granadas, como o primeiro, que é um helicóptero e o último que é um tanque - diferente de Green Beret em que se usa uma faca contra qualquer tipo de ameaça.

Embora possa ser considerado um jogo de guerra, é um jogo da década de 1980: nesta época se achava videogame uma coisa de nerds, que eram famosos por não ter namorada. Então boa parte dos jogos tem como enredo o resgate de namorada. (Não estou exagerando: Super Mario, Adventures of Lolo, Double Dragon, Final Fight, TMTN, Legend of Zelda, Donkey Kong, Adventure Island, Astyanax... a lista é imensa!)  Este jogo apresenta, como um resquício desta década, um final em que o jogador encontra sua namorada...
Batalha dentro de um imóvel na fase 1

Complexo industrial na fase 2
Fase três

Ao adentrar o campo inimigo

Final do jogo...

Revolution Heroes / Guerrilla War / Guevara

Cartaz do jogo japonês
Este é um dos meus jogos favoritos. Não somente pela diversão ou pela jogabilidade, que são medianos, ou ainda o som. Mas pela história. Não a história do jogo. Mas a história real por trás do jogo.

Este jogo foi lançado originalmente nos arcades japoneses com o título de Guevara, obviamente uma referência a Che Guevera (seu rosto estava até nos cartazes do game). Mas não somente isso: o player 1 do game era se chamava Guevara enquanto o player 2 se chamava Castro (Fidel ou Raúl?)

O Histórico do game comentava algo sobre uma revolução iniciando no ano de 1956 com a chegada de Guevara - a Revolução Cubana. A missão dos jogadores era cruzar Cuba e por fim depor o Ditador, iniciando então uma nova era neste país. 

História do game japonês
Como o jogo era uma versão atualizada de Commando (um jogo clássico da Capcom, presente no catálogo da CCE), incorporando elementos de Ikari Warriors (da SNK, também presente no catálogo) e elementos próprios, o jogo recebeu um port para Famicom e um ano depois foi portado para o NES. 

Enquanto no Famicom foram mantidos os elementos do arcade original, no NES o jogo foi bastante modificado - diria até estuprado - pela Nintendo of America com o intuito de tirar todos os elementos a favor do comunismo e da Revolução Cubana. Por sinal, o nome do jogo no ocidente ficou mesmo como Guerrilla War e não como Guevara. No Brasil, divulgado pela CCE, recebeu um nome mais neutro: Revolution Heroes.



Versão americana
Exceto pelas telas com texto, utilizarei a versão japonesa do game para o Review. Pelo que sei, a maioria da diferença se dá pelo texto da história, o que faria estranha minha escolha do game americano para o review. No entanto, a história japonesa - que fala da Revolução Cubana - não pode ser lida em função do idioma. Minha escolha então, do jogo americano que conta a história de uma guerra contra um rei maligno de uma ilha se faz justificada neste ponto.


Embora a versão americana tenha perdido os referenciais sobre a Revolução Cubana, os yankees que fizeram esta modificação esqueceram de retirar o líder da revolução da tela de início do jogo.

Ernesto "Che" Guevara de la Serda
Foto de Che em 1956


Perseguição americana
Na abertura do jogo japonês existe uma breve cena de perseguição em que os revolucionários, prestes a chegar em Cuba são perseguidos por aviões bombardeiros americanos. Esta cena foi retirada da versão americana do jogo, em que simplesmente o barco contendo o Player 1 e o Player 2 (respectivamente Guevara e Castro, no jogo japonês) chega a uma praia na ilha.

Na ilha, o jogo segue a lógica de um shooter básico: atirar, desviar, derrotar o boss. Existem pouco elementos próprios aqui. Um deles é a possibilidade de se salvar reféns: ganha-se 1000 pontos por salvar um refém, perde-se 500 por matá-lo acidentalmente - isso ocorre bastante.

Garota fugindo, pilotando tanque, soldados ocultos
Assim como em Commando, o Botão B atira e o Botão A atira granadas. As granadas têm o papel de destruir barricadas, fazer mais dano em blindados ou ainda acertar inimigos que ficam em trincheiras.

Existe a possibilidade de se encontrar armamentos diferentes ao longo do percurso e de se pilotar tanques. A água não é um obstáculo: pode-se cruzar água para poder chegar até o outro do rio, mas os tanques podem ir somente pela ponte.

Os cenários são bem detalhados contendo, inclusive, vários detalhes cotidianos, como roupas secando em varais.

Trincheira
Se os inimigos se escondem em telhados e trincheiras, isto também é permitido ao jogador. Capturar tanques inimigos também é uma estratégia válida ao avançar no jogo. E o mais interessante: toda ação do jogo (até mesmo no jogo americano) acontece em um mapa que sem dúvida alguma é Cuba. Jogaço!





Tela inicial do jogo japonês

Primeiro Boss
História do jogo americano

Mapa de Cuba no Jogo
Ending do game

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